Laura Campanér Laura Campanér - O Presépio

Na palhoça iluminada que fica junto da ermida
Dês que a missa foi cantada se congrega a multidão
Toldo de murta Florida, flores de mágico aroma
Ornam o presépio, que toma na sala grande extensão

Quão lindo está
Não lhe falta nem o astro milagroso
Que de repente brilhou
Nem o galo, que o repouso deixara por noite alta
E que inspirado cantou
Tudo o que a lenda memora e consagra a tradição
Vê-se ali, grosseiro embora, despido de perfeição

Céu de estrelinhas douradas, estrelas de papelão
Brancas nuvens fabricadas da plumagem do algodão
Anjos soltos pelos ares, peixes saindo dos mares
Feras chegando do além
Marcha tudo, e vem na frente
Os Reis Magos do Oriente em demanda de Belém

É esta a lapa; o Menino nas palhas está deitado
Com um sorriso de alegria todo doçura e amor
Contempla o quadro divino São José ajoelhado
E a Santíssima Maria De Jericó meiga flor

Trajando risonhas cores com muitos laços de fitas
Rapazes, moças bonitas formam grupos de pastores
Que curiosos bailados com maracás e pandeiros
E o ruído dos cajados desses risonhos romeiros

Essa quadrilha dançante, cantando versos festivos
Aos pés do celeste infante vai depor seus donativos
Frutas, doces, sazonadas, ramalhetes de açucenas
Cera, peles delicadas, pombinhos de brancas penas
São as joias que os pastores dão ao Deus onipotente
E o povo aplaude os cantores e o espetáculo inocente

Eis o presépio singelo da devoção popular
Oratório alegre e belo
Sagrado, risonho altar